"Revolucionário", "Inovador", "Tudo o que eu preciso!" eram expressões usadas para definir o ousado Project Ara da Motorola. A ideia era simples: criar um smartphone personalizável no qual o usuário compraria o endoesqueleto e personalizaria o aparelho da forma que ele achasse melhor.
Se a prioridade é a bateria, coloque uma maior! Se mais memória RAM é necessária, bastaria que mais módulos fossem acoplados. A intenção era revolucionar o mundo da tecnologia e mudar a forma como as pessoas usam smartphones e as fabricantes o fazem. Mas afinal, o que levou um projeto tão ousado e com excelente repercussão na mÃdia a ser encerrado em setembro de 2016? O Tecno Explore inicia agora mais uma matéria da série Os Esquecidos.
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Ousado, inovador e revolucionário
Anunciado oficialmente em outubro de 2013 pela Motorola, o Project Ara chegou cheio de promessas. A primeira é a de que ele "faria pelo hardware o que o Android fez pelo software". A ideia de personalizar ao máximo o smartphone se assemelhava muito ao que o Android já fazia com o sistema nos mobile, o que serviu como inspiração.
Destacando pontos como a troca fácil de peças, a Motorola mostrou que o Project Ara era o futuro dos smartphones. Com o usuário tendo quase que o controle total do aparelho, isso elevaria a outro patamar a tecnologia usada atualmente.
Além disso, a empresa destacava que o aparelho seria bom para os dois lados da moeda: para as fabricantes seria ótimo porque ela focaria apenas na fabricação de módulos cada vez melhores e também evitaria o descarte do smartphone inteiro, como acontece hoje em dia mesmo que o problema seja pequeno.
Para os consumidores seria excepcional, já que ele teria o poder de escolha e não precisaria comprar um smartphone todo o ano para ter apenas poucas melhoras no hardware, como acontece em muitos lançamentos.
A Motorola dizia, inclusive, que a ideia já vinha sendo colocada no mercado, menor escala, com a personalização das capas no primeiro Moto X, mostrando que a empresa já estava apostando na ideia.
Com o objetivo de levar o projeto adiante a Motorola fechou parceria com Dave Hakkens, criador da Phonebloks, que tinha uma ideia muito parecia com a da Motorola. O vÃdeo de demonstração de Hakkens conta com mais de 21 milhões de acessos, o que mostra o sucesso da ideia com o público.
Por isso, como você confere a seguir, David decidiu fazer um segundo vÃdeo celebrando a parceria com a Motorola pedindo para que as pessoas doassem para que a ideia se transformasse em realidade:
Venda da Motorola e adiamentos
Em Janeiro de 2014 a Google, após diversas tentativas de lucrar, vendeu a Motorola para a Lenovo por US$ 3 bilhões. Mas, como a Google já havia se animado muito com o Project Ara, a empresa resolveu manter esse projeto como uma das condições para a venda.
No mesmo ano o projeto passou a integrar o Google ATAP, divisão no qual projetos avançados e inovadores da empresa ficam alojados. Além disso, a Google anunciou mais detalhes do seu projeto dito por muitos como mirabolante.
No Ara Developers Confere a empresa detalhou alguns pontos interessantes que já haviam sido anunciados. O primeiro foi que o Ara seria vendido em três tamanhos: mini, médio e grande, sendo que o último só seria anunciado futuramente. Quanto maior o endo, ou seja, a base, maior seria a quantidade de módulos que poderiam ser colocados.
Com um documento lançado no site do Ara, a Google prometia que o produto chegaria no máximo até 2015 e custaria a partir de US$ 50, valor extremamente baixo pela revolução que ele prometia.
2015 chegou e a Google deu a amarga notÃcia de que o Ara não seria lançado naquele ano. Sem dizer nenhum motivo oficial, a suspeita era de que isso se devia a reestruturação que a empresa vinha passando, com a criação do Alphabet e com o Ara passando para o X Labs, antigo Google X.
Além disso, segundo o Gizmodo, a Google estava com problemas de fazer com que os imãs eletropermanentes tivessem a firmeza no encaixe ao mesmo tempo em que eles fossem fáceis de retirar. O site informa que os módulos estavam caindo em uma demonstração feita ao público em 2015.
Além disso, segundo o Gizmodo, a Google estava com problemas de fazer com que os imãs eletropermanentes tivessem a firmeza no encaixe ao mesmo tempo em que eles fossem fáceis de retirar. O site informa que os módulos estavam caindo em uma demonstração feita ao público em 2015.
Essa notÃcia não foi muito bem recebida, já que, três meses antes, o Ara havia sido demonstrado no Google I/O, principal conferência da Google. Ficou para 2016 o sonho de um smartphone modular.
Especificações técnicas do Project Ara:
Especificações técnicas do Project Ara:
- Sistema: Android Nougat
- Tela: TFT LCD de 5,4" FULL HD 1920x1080 com 403 ppi
- Processador: Qualcomm Snapdragon 810
- Memória RAM: 3 GB
- Câmeras: 21 MP traseira e 5 MP frontal
- Armazenamento: 32 GB expansÃvel
- Bateria: 3.450 mAh
- Peso dimensões: 190 gramas e 152x74x12.5
Os limites da revolução e o fim do Ara
Chegou 2016 e a ideia parecia começar a se concretizar. Em maio, foi lançado um vÃdeo que a empresa promovia o Ara como uma ideia real e que já estava para sair.
O Ara estava prometido para chegar aos desenvolvedores no quarto trimestre de 2016, o que faria com que terÃamos o Ara circulando nas lojas em 2017.
Os problemas surgiram e a empresa, que já havia anunciado mudanças drásticas no Ara como, por exemplo, que a bateria, display, antena, CPU e GPU seriam fixos, resolveu abandonar oficialmente a ideia em setembro de 2016. Pelo que deu a entender, essa drástica mudança somado ao desvio completo da ideia original do Ara, motivaram isso.
Além disso, o fracasso com o LG G5, mostrou que os consumidores não estavam satisfeitos em ter um smartphone "meio modular, meio celular atual" que a sul-coreana propôs o que, aos olhos da Google era um sinal claro de que o Ara deveria ser encerrado.
Mas, para não dizer que o projeto foi completamente abandonado, a Google colocou ele disponÃvel para licença, caso alguma empresa desejasse se aventurar.
Com os atrasos e as dificuldades o Project Ara entra para a lista de tecnologias abandonadas.como o Samsung Galaxy Beam, Google Glass e Sony Ericsson Xperia Play. Confira as matéria aqui no Tecno Explore de cada um deles.
Afinal, você acredita que alguma outra empresa possa se interessar pelo Ara? Na sua opinião, o fim do Ara teve algum outro motivo além dos listados aqui no blog? Deixe sua opinião nos comentários!
Fontes: Folha de São Paulo, Tecnoblog¹, Tecnoblog², TechTudo, Canaltech, Tecmundo, Tudo Celular, Gizmodo¹, Gizmodo² e IDGNow