A série Os Esquecidos traz, toda a semana, algum smartphone, tablet ou dispositivo tecnológico que foi esquecido e abandonado pela empresa responsável pelo seu desenvolvimento. Nos artigos, procuro trazer curiosidades e todas as informações mais atuais dos aparelhos e alguns possíveis motivos para o seu abandono. Dois aparelhos já deram as caras aqui no blog: o Samsung Galaxy Beam e o Sony Ericsson Xperia Play.
Hoje temos um produto que seria o responsável por dar a largada para os produtos vestíveis: Google Glass. De longe, o assunto mais comentado em 2013, os óculos inteligentes da gigante de Montain View pareciam ser uma empreitada que tinha tudo para dar certo mas as coisas definharam e resultaram em praticamente o seu abandono.
A grande revelação
Em 2012 o grupo de engenheiros da Google mostrou ao mundo, através de um vídeo no Youtube, o que iria se tornar o wearable mais comentado do mundo desde então. No vídeo, são mostradas tarefas simples em que o Project Glass poderia estar presente, como no momento que o usuário quisesse tirar uma foto de um grafite interessante, fazer check-in em algum food truck interessante ou até mesmo iniciar uma vídeo chamada para mostrar a alguém uma paisagem interessante.
Assim como em outros projetos, o objetivo da equipe era o de chamar a atenção do mundo e, assim, conseguir suporte interno da empresa para que o projeto continuasse. E conseguiu: só para se ter uma ideia o vídeo conta, hoje, com mais de 22 milhões de acessos, se tornando um dos vídeos mais assistidos no canal da empresa.
Em 2012 o grupo de engenheiros da Google mostrou ao mundo, através de um vídeo no Youtube, o que iria se tornar o wearable mais comentado do mundo desde então. No vídeo, são mostradas tarefas simples em que o Project Glass poderia estar presente, como no momento que o usuário quisesse tirar uma foto de um grafite interessante, fazer check-in em algum food truck interessante ou até mesmo iniciar uma vídeo chamada para mostrar a alguém uma paisagem interessante.
Assim como em outros projetos, o objetivo da equipe era o de chamar a atenção do mundo e, assim, conseguir suporte interno da empresa para que o projeto continuasse. E conseguiu: só para se ter uma ideia o vídeo conta, hoje, com mais de 22 milhões de acessos, se tornando um dos vídeos mais assistidos no canal da empresa.
Em junho do mesmo ano a Google usaria a principal conferência da empresa para fazer uma demonstração marcante. Sergey Brin, na época, presidente da Google, resolveu testar o Glass saltando de paraquedas e registrando imagens impressionantes.
Além disso, aproveitando todo o hype com o dispositivo, a Google disponibilizou o dispositivo, por US$ 1.500 na pré-venda, para todos os presentes na platéia e com a promessa de entrega para 2013. Apesar disso, a empresa enfatizou o fato de que ele ainda não era um produto pronto para o consumidor final.
Detalhe: com o objetivo de manter o Glass entre os assuntos mais comentados, os fundadores da empresa Larry Page e Sergey Brin apareciam frequentemente, em público, usando o aparelho.
Inicio do período conturbado
Em fevereiro de 2013 a Google veio a público revelar as especificações técnicas do aparelho que só estaria disponível para desenvolvedores naquele mesmo ano pelo valor já anunciado: US$ 1.500
- Tela: 640x340 descrita como "uma tela de alta resolução de 25 polegadas a 2,4 metros de distância"
- Android: Android 4.0.4 – Ice Cream Sandwich
- Processador: OMAP 4430 CPU – Dual Core
- Memória RAM: 682mb
- Câmera: 5 MP grava vídeos em 720p
- Armazenamento: 16 GB de armazenamento estando 12 GB disponíveis para o uso
- Som: O som é transmitido por meio de vibrações conduzidas pelos ossos do crâneo
- Conectividade: Wi-Fi, Bluetooft e GPS/SMS (disponíveis apenas por meio do uso do aplicativo MyGlass disponível para Android)
- Bateria: suficiente para durar um dia
Já em maio do mesmo ano, o dispositivo começou a receber suas primeiras críticas.
Ao passo em que o Glass finalmente era disponibilizado aos desenvolvedores, os problemas e as críticas começaram a surgir. Os maiores jornais do mundo e os sites especializados em tecnologia testaram o produto: Engadget, ABC News e Folha de S. Paulo deram as suas opiniões que, em grande, parte, foram bem mornas ao dispositivo.
Entre as críticas apontadas foram o incômodo em usar um aparelho como esse na rua, o peso a mais que a parte que concentra todo a hardware tem. E teve mais: a bateria que, não teve a sua real capacidade divulgada, durou, segundo a ABC NEWS, apenas 3-4 horas. A tela, no sol, foi outro problema apontado o que poderia prejudicar a sua visualização, isso sem contar com a câmera no qual todas as fotos vinham obrigatoriamente com a hashtag "#throughglass" e demoravam horas para serem publicadas.
- Privacidade
Se não bastasse tantas críticas ao Glass, outra questão caiu como uma bomba: privacidade. Afinal, sendo discreto e com a facilidade de se tirar fotos. Várias foram as experiências desagradáveis com o Glass, contando, inclusive, com o pedido dos donos das lojas visitadas com o aparelho para que os repórteres não gravassem nada. Isso sem contar, é claro, com o esquisitismo notado pelas pessoas que viam o dispositivo funcionando.
Um ponto muito criticado foi a ausência de um led para que as pessoas que estivessem em volta, notassem quando algo estivesse sendo gravado.
Em abril de 2014, uma pesquisa foi feita mostrando que 72% dos estadunidenses rejeitavam o Glass por questões de privacidade. Segundo o site CNET, na época, agressões e confusões foram registradas devido ao uso do Google Glass em estabelecimentos comerciais.
Abandono e desistência
Em novembro de 2014 a Google encerraria as vendas nas únicas quatro lojas no mundo que vendiam o Glass aos consumidores: EUA e na Inglaterra (o início das vendas havia acontecido em maio). Os motivos apontados na época eram o seu preço absurdamente alto (US$ 1.5 mil) e as incertezas quanto às questões de privacidade. Especialistas, na época, apontaram que as estratégias do dispositivo precisavam ser revistas.
Em janeiro de 2015 a Google encerrou o programa Explorer que deu aos desenvolvedores de software a oportunidade de comprar o dispositivo. Além disso, a equipe que trabalhava no Glass saiu do Google X, laboratório onde saem as principais novidades da empresa, e passou para o comando de Tony Fadell, chefe executivo da Nest, empresa adquirida pela Google em 2014.
A expectativa, na época, era de que a empresa iria reformular o dispositivo para lançá-lo ainda naquele mesmo ano, mas não foi o que aconteceu.
Em janeiro de 2016 a Google deu indícios de que quer que os consumidores esqueçam o Glass. A empresa simplesmente decidiu excluir todas as contas no Twitter, Instagram e Google + relacionadas ao dispositivo.
A esperança dos fãs do Glass fica por conta da Enterprise Edition sendo o Project Glass renomeado para Project Aura, mostrando que a empresa deseja iniciar uma nova fase com o aparelho.
Além disso, em junho desse ano, vazaram algumas informações sobre o Project Aura, que mostram melhorias em sua bateria e hardware, o que talvez indique uma continuação do Glass com uma reformulação total no dispositivo e até mesmo em seu objetivo.
É notável que o Glass não deveria ter tido todo esse hype no seu lançamento sendo que o produto não estava, de fato, pronto. A inexistência de um simples led durante a gravação e outros mecanismos que diminuíssem os óbvios problemas de privacidade que o produto teria, foram outros erros que custaram caro ao aparelho. Talvez, esteja na hora da Google se espelhar um pouco no que a Microsoft vem fazendo com o Hololens: um dispositivo só deve ser lançado quando ele está realmente pronto, ninguém gosta de pagar tão caro por migalhas.
Fontes: TecnoBlog, Tudo Celular, Tudo Celular(2), B9, B9 (2), B9 (3), G1, Gizmodo, Gizmodo (2), Olhar Digital, Tecmundo, Zero Hora