Cada vez mais perto de se tornar real para todos os usuários de internet fixa, o limite da banda larga causou ainda mais polêmica essa semana depois da fala de um dos representantes da Vivo. Segundo ele, quem usa Netflix e Youtube, serviços que consomem uma grande quantidade de banda larga, terão que pagar mais por isso.
Essa não é a primeira pérola. Em fevereiro, o superintendente de competição da Anatel, perguntado sobre o assunto, achou tudo muito bonito. Na ocasião ele disse que o limite de banda será benéfico para o consumidor porque melhorará o serviço(???).
O mais engraçado (ou trágico, se preferir), dessa história toda é que tanto as operadoras quanto a Anatel, agencia que regulamenta e fiscaliza as práticas do mercado, acham tudo isso bonito. Usando de desculpas bem duvidosas que não convencem ninguém, elas tentam, sem sucesso, transformar uma medida que irá prejudicar, e muito, os usuários em algo benéfico.
Só para se ter uma ideia do tamanho do estrago causado por esse limite, vamos aos números. 2,2 milhões de usuários brasileiros tem conta na Netflix. Vale ressaltar que a empresa oferece o acesso a múltiplos usuários, ou seja, o número deve ser ainda maior. E sobre o Youtube? Dificilmente um usuário que hoje utiliza internet, principalmente fixa, levando em consideração o já conhecido limite da internet nos smartphones, não usa o Youtube.
Não precisa se aprofundar muito para se ter uma ideia do número de usuários prejudicados. Vai ter chuva de processos? Espero que sim. Vai ter chuva de reclamações? Com certeza. Não apenas os usuários prejudicados, mas aqueles que também consomem muito a internet fixa, não podem deixar que isso seja considerado normal, porque não é.
Todo o alarde feito em torno do consumo de internet fixa não é por acaso. Segundo um experimento feito pelo site Adrenaline, foi possível traçar três perfis de usuários e o resultado impressiona:
- Usuário leve:
4 horas de navegação (1,6 GB) e streaming de um episódio de seriado do Netflix por dia (1,1 GB).
Consumo mensal: Aproximadamente 78 GB
- Usuário intermediário:
4 horas de navegação (1,6 GB), 1 hora de streaming no YouTube (1,2 GB), um episódio de Netflix por dia (1,1 GB), além do download de dois jogos por mês (40 GB).
Consumo mensal: Aproximadamente 157 GB
- Usuário avançado:
8 horas de navegação (3,2 GB), 2 horas de streaming no YouTube (2,4 GB), dois episódios de Netflix por dia (2,2 GB), além do download de oito jogos por mês (160 GB).
Consumo mensal: Aproximadamente 394 GB
Vale ressaltar que os números referem-se a apenas um usuário. Se você mora com familiares, o consumo deve ser ainda maior.
É bom lembrar que essa redução faz parte do plano de ataque das operadoras ao Netflix. Em Janeiro, segundo o Uol, as operadoras estudavam um plano para atacar o Netflix, já que de 2014 para 2015 perdeu quase 1 milhão de usuários da tv por assinatura.
No item 4 de um dos ataques está listado "Estudam uma forma de cobrar ou da Netflix ou de assinantes de banda larga uma taxa "extra" quando o cliente usar streaming; a justificativa é que o serviço "consome muita banda larga".
Coincidência? Claro que não.
Com o limite de internet fixa se tornando cada vez mais real para clientes da Oi, Vivo/GVT e Net, cabe ao usuário protestar das mais diversas formas possíveis para que isso seja revisto. O que mais impressiona em toda essa história é a agência que deveria achar tudo isso errado, estranho ou até mesmo antiquado para os padrões de consumo atuais, cruzar os braços e aceitar tudo como se isso fosse normal. Lamentável, Anatel.
Fontes: Olhar Digital¹, Olhar Digital², Tecnoblog, Exame